" ... o Oriente, cenário exótico do imaginário queirosiano, serve de pano de fundo para a história de Teodoro, um pacato amanuense do Ministério do Reino, que vive circunscrito aos desígnios do seu ofício. Vítima de uma tentação aguda por um diabo, a de pôr fim aos dias de um abastado mandarim chinês, Teodoro constitui-se o directo detentor de uma fortuna. Enriquece, embora viva condenado a transportar eternamente na consciência o mais corrosivo dos legados: o remorso. Empreende uma viagem «purificadora» à China, mas nem isso lhe devolve a paz que a avareza gulosa lhe havia roubado. Eça prima pela descrição simbólica e caricatural das personagens e ambientes, ao mesmo tempo que aplica a exacta pitada de sátira. Rebuscado no tom e na intenção cristalina de pintar a alegoria da insaciável condição humana, O Mandarim foi publicado pela primeira vez, em folhetim, no Diário de Portugal, em 1880."
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